Em 1983, o novo conjunto de protocolos TCP/IP foi adotado como um padrão, e todos os servidores na rede deveriam passar a utilizá-lo. Quando a ARPANET finalmente cresceu e se tornou a Internet (resultando na finalização de sua existência em 1990), o uso do TCP/IP espalhou-se a diversas redes muito além da Internet. As mais notáveis são as redes locais . Porém com o advento de equipamentos telefônicos digitais mais rápidos, como o ISDN, o TCP/IP tem ainda um futuro promissor como protocolo de transporte para redes discadas.
Como algo concreto para comentarmos enquanto discutimos o TCP/IP através das sessões seguintes, nós consideraremos a fictícia Universidade do Pantanal, situada em algum lugar na Região Centro-Oeste como nosso exemplo. A maioria dos departamentos têm a sua rede local própria, enquanto outros dividem uma, e outros ainda têm muitas rede. Elas estão todas interconectadas e estão ligadas à Internet através de uma única conexão de alta velocidade.
Imaginemos uma máquina conectada a uma LAN com outras máquinas no Departamento de Matemática, e que seu nome seja jacare. Para acessar um servidor no Departamento de Física, digamos jaburu, deve-se informar o seguinte comando:
Na linha de comando, deve-se informar o nome de acesso, digamos lroberto e sua senha. A seguir, caso o acesso seja permitido, você estará utilizando um interpretador de comandos em jaburu, no qual se pode digitar como se estivesse à frente da console do sistema. Após sair do interpretador de comandos, volta-se à linha de comandos da máquina local. Neste caso foi utilizada somente uma das aplicações interativas e instantâneas que o TCP/IP fornece: o acesso remoto.
Enquanto se estiver conectado a jaburu, pode-se também executar uma aplicação baseada em X11 (em modo gráfico), como por exemplo um programa para imprimir funções ou um revisor de PostScript. Para avisar esta aplicação que se deseja ter suas janelas apresentadas na tela do servidor, deve-se ajustar a variável de ambiente DISPLAY:
Ao se iniciar agora uma aplicação, esta contatará o servidor X da máquina remota ao invés do servidor X de jaburu, e mostrará todas as janelas na tela da máquina remota. Naturalmente, isto requer que se tenha X11 rodando em jacare. O ponto aqui é que o TCP/IP permite que jaburu e jacare enviem pacotes X11 para todos os lados, dando a impressão que se está em um único sistema. A rede é quase transparente aqui.
Outra aplicação muito importante no TCP/IP é o NFS, o qual significa Sistema de Arquivos de Rede. É outra forma de uso transparente da rede, permitindo basicamente que se acesse diretórios e arquivos hierarquicamente que estão localizados em outras máquinas, aparentando como se fossem arquivos locais do sistema. Por exemplo, todos os diretórios podem estar em uma máquina servidora central do qual todos os outros servidores na LAN montam seus diretórios. O resultado disto é que todos os usuários podem utilizar qualquer máquina da rede, encontrando sempre o mesmo conjunto de diretórios. Da mesma maneira é possível instalar aplicações que necessitem grandes quantidades de espaço em disco (como TEX) em apenas uma máquina, e disponibilizar estes diretórios para as demais máquinas da rede. Nós retornaremos ao NFS no capítulo . Naturalmente, estes são apenas exemplos de que se pode fazer em redes TCP/IP. As possibilidades são quase ilimitadas.
Agora vamos dar uma olhada a fundo na maneira como o TCP/IP trabalha. Isso se faz necessário para que se possa entender como e porque se deve configurar uma máquina. Iniciaremos pelo exame do hardware, e depois lentamente trabalharemos o caminho restante.