Operação Resgate                                                  

Um   dos  maiores   teóricos  da   computação  é  o  Dr.  Murphy. 
Convivendo  com suas leis é que aprendemos  a ter sempre um disco 
tomsrtbt à mão
                                                                  
Augusto Campos                                                    
augusto@tre-sc.gov.br                                             
                                                                  
Acidentes  acontecem. Esta é  uma expressão  da sabedoria popular 
que  nenhum administrador de  sistemas se arrisca  a ignorar. Por 
maiores  que sejam as  precauções de segurança, a  chance de que, 
cedo  ou tarde, o seu  sistema subitamente deixe de  dar boot são 
muito  grandes. A lista de fatores que  podem dar errado é grande 
demais para  citar por completo: erros no inittab, uma instalação 
mal-sucedida  do  Lilo, dados  corrompidos nos  discos, problemas 
físicos  diversos, utilitários Windows tentando  "corrigir" a sua
partição de Linux...                                              
                                                                  
Os  pessimistas acreditam que o  universo conspira contra tudo; o 
administrador  de sistemas  consciente sabe  que isso  é verdade. 
Agora  que  já  sabemos  que  eventualmente  nossos  sistemas  se 
recusarão  a  entrar  no  ar  sozinhos,  precisamos de  soluções.
Felizmente existem muitas, e você pode optar.                     
                                                                  
A  maior  parte  das  distribuições  de  Linux permite  criar  um 
disquete  de  boot  durante  o  processo  de instalação,  e  esse 
disquete   pode  ser   utilizado  nos  problemas   mais  simples, 
principalmente nos  casos de falha do Lilo. Algumas distribuições 
oferecem  também  disquetes  de recuperação  (rescue disks),  com 
maiores funcionalidades,  e que podem ser utilizados em problemas 
mais  complicados,  com a  ajuda da  documentação de  sua própria 
distribuição.

Existem  também as soluções  de terceiros, que  costumam ser mais
genéricas e  abrangentes do que as fornecidas pelas distribuições
comerciais.   Este   artigo   irá   analisar   o  tomsrtbt,   uma
mini-distribuição  de  Linux  que  cabe  em  um  único  disquete,
incluindo  o  boot,  o kernel  do  sistema  e mais  uma série  de
ferramentas de diagnóstico e recuperação.

Com  o tomsrtbt por perto, você vai ter  muito mais chances de se
recuperar  de  danos graves  ao seu  sistema. Mas  esteja alerta:
grande  parte das  ações que  você pode  tomar usando  o tomsrtbt
envolvem  sérios riscos de  danificar o seu sistema.  Se você não
tem  proficiência  na  administração de  sistemas Linux,  procure
sempre  consultar  a  documentação ou  a  sua  fonte favorita  de
suporte antes de se arriscar.

Mas o  que significa tomsrtbt? Esse nome estranho é a abreviatura
de "Tom's  root/boot disk", ou seja, o disco de root/boot do Tom.
O  disquete  do tomsrtbt  é  formatado de  uma maneira  especial,
usando  1,722MB,   ao  invés  dos  1,44MB  usuais.  Nesse  espaço
restrito estão  incluídos o kernel do Linux, uma série de módulos
especiais  - como, por exemplo, o  suporte a partições do Windows
98,  Zip  drives,  CD-ROMs,  fitas DAT  e  winchesters  SCSI -  e
dezenas de  utilitários que você gostaria de ter por perto quando
não consegue ter acesso ao seu boot normal.

Instalando o tomsrtbt

Instalar  o tomrstbt  em um  disquete é relativamente  fácil. Mas
lembre-se,  para  que  ele seja  útil,  você tem  que preparar  o
disquete  antes   do  momento  em  que  seu  uso  seja  realmente
necessário. O  usuário prevenido vale por dois, e o administrador
de sistemas desprevenido vale muito pouco...

O  primeiro passo para  a instalação é obter  o arquivo original,
em  www.toms.net/rb/. Perceba que há duas versões do arquivo, uma
para  instalação a  partir do  Linux, e  outra para  instalação a
partir  do  DOS. O  disquete gerado  por cada  uma das  versões é
absolutamente  idêntico,  e  analisaremos  apenas o  procedimento
para a  versão Linux - se você precisar instalar a partir do DOS,
poderá  sempre  contar com  a  ajuda da  documentação oficial.  O
arquivo   vem  no  tradicional  formato   .tar.gz,  e  você  pode
descompactá-lo com o comando:

# tar -zxvf tomsrtbt-1.7.185.tar.gz

substituindo o nome do arquivo pela versão que você tiver
obtido. Em seguida, entre no diretório que a descompactação
criou, com o comando

# cd tomsrtbt-1.7.185/

Agora  você irá criar  o disquete.  Perceba que não  é necessário
fazer   nenhuma  configuração,   a  instalação   é  completamente
automática.   Insira  um   disquete  virgem   no  seu   drive,  e
simplesmente  rode (como  usuário root)  o comando  # ./install.s

O  instalador  do  tomsrtbt  trabalhará  sozinho  durante  alguns
minutos,   formatando,   testando,   transferindo   os  dados   e
verificando a transferência.

Ao  final da instalação, tudo o que você tem  a fazer é retirar o
disquete do  drive e colar uma etiqueta apropriada. E preparar-se
para testar!

Boot com o tomsrtbt

Reinicialize  a  máquina. Lembre-se  de que  pode  ser necessário
alterar as  configurações da Bios do seu computador para permitir
um boot  a partir do disquete; esta alteração varia para cada uma
das  marcas e modelos  de Bios  existentes, portanto recomenda-se
uma  leitura  atenta ao  manual do  seu  hardware, caso  você não
saiba alterá-la sem ajuda.

Se  tudo der certo, você logo verá  um par de pingüins desenhados
com  caracteres  ASCII, e  o prompt  de boot  do kernel  do Linux
(boot:).  Simplesmente  pressione a  tecla Enter,  a não  ser que
você  precise  passar algum  parâmetro especial  para o  kernel -
nesse  caso  consulte o  BootPrompt-Howto no  quadro  "Para saber
mais".  Após   alguns  segundos,  aparecerá  mais  uma  mensagem,
perguntando  sobre o modo  de vídeo. Pressione a  barra de espaço
para  ficar com  o default,  ou tecle  Enter para escolher  a sua
opção  preferida. Em seguida,  começa a seqüência  de boot normal
do  Linux,  em  que  o  sistema  tenta detectar  os  dispositivos
existentes e  se preparar para dar suporte a eles. Após a entrada
do kernel,  começa o init, na mesma seqüência familiar a qualquer
distribuição de  Linux. Ao fim da inicialização, o tomsrtbt exibe
uma  lista  de  todos os  módulos  e  utilitários disponíveis,  e
aguarda  o seu  login. A  senha original  do usuário root  é xxxx

Neste  momento, você já  pode retirar o disquete,  e iniciar suas
atividades  de recuperação. O que  fazer? Ninguém pode se queixar
de  falta de ferramentas disponíveis -  o tomsrtbt pode ser usado
até mesmo  para recuperar micros com Windows, que nunca tiveram e
nem  nunca vão ter  o Linux  instalado! Mas note que  não temos o
objetivo  de ensinar a  usar as ferramentas; a  maior parte delas
chegaria  a merecer um artigo  específico. A idéia é  expor o que
está  disponível nesse fantástico  disquete, e  indicar fontes de
informação  para  que  você possa  saber  como usar  cada um  dos
utilitários.

A  versão testada  inclui uma  série de  módulos do  kernel muito
interessantes,  incluindo  suporte para  as placas  de  rede mais
comuns  (ne2000,  ne2000  PCI,  3c589...),  sistemas de  arquivos
usuais (ext2  do Linux, FAT do DOS, Fat32 do Windows, ISO9660 dos
CD-ROMS,  NTFS, MINIX, NFS, VFAT),  PCMCIA, fitas DAT, zip drive,
dispositivos IDE  em geral e SCSI (as controladoras mais comuns),
serial, SLIP e muito mais.

A  shell incluída é a ash,  provavelmente pelo seu menor tamanho.
Mas ferramentas  comuns da linha de comando estão presentes: awk,
cat,  cut,  chattr, chmod,  chown,  clear, cp,  less, grep,  sed,
find,  gzip, bzip2, insmod,  kill, ps... a lista  é extensa. Você
se   sentirá   em  casa,   em   um  shell   de  Linux   qualquer.

O  sistema conta  até mesmo  com seus  clones dos editores  vi (o
elvis)  e emacs! Se  o seu  problema for no  sistema de arquivos,
você  também estará bem  suprido, com ferramentas  básicas como o
mount,  cpio,  tar,  dd  e chroot,  e  outras  mais avançadas  (e
potencialmente  perigosas)  como  o  fdisk, fdformat,  badblocks,
fsck  (para partições Linux e  DOS), lilo, losetup (para sistemas
de  arquivos  loopback), mkfs  (para "formatar"  partições Linux,
DOS e Minix) e mt.

Se  você depende  do acesso  a alguma  rede, poderá  ter sucesso,
principalmente se  a sua placa de rede for dos tipos mais comuns,
ou  se você  conectar via  serial (ou  modem) usando  o protocolo
SLIP.  Configurar  esta conexão  é  tarefa para  quem entende  do
assunto,  já  que  não  há  ferramentas  automáticas. Alguns  dos
utilitários disponíveis  são: ifconfig, snarf (um cliente de ftp,
gopher,  www  e  finger),  ping,  route,  rsh,  rshd,  setserial,
slattach, slip, telnet.

Procurei  listar  apenas  os  destaques,  mas  o tomsrtbt  inclui
muitas  outras  surpresas.  Saber  usá-las  fica  por sua  conta;
muitas  das ferramentas mais básicas  têm explicações nos manuais
do   Linux  Documentation  Project   ( ldp-br.conectiva.com.br ),
principalmente  no  Guia do  Administrador de  Sistemas.  Torno a
repetir  que  em  geral vale  mais  a pena  consultar alguém  que
entenda  do  assunto,  do que  "chutar"  comandos  e esperar  que
funcionem,  ainda  mais quando  lidamos  com o  tipo de  software
abordado neste artigo.

Espero  sinceramente  que você  nunca precise  de um  disquete de
recuperação; mas  se precisar, torço para que ao menos você tenha
uma  cópia do tomsrtbt à mão. Prepare  seu disquete hoje mesmo, e
economize aspirinas depois :-).

 para saber mais
 Consulte os seguintes recursos online:
* Site oficial do tomsrtbt:
 www.toms.net/rb/
* Guia do administrador de sistemas:
 http://ldp-br.conectiva.com.br/linuxdoc/livros/gas/gas.html
 Bootdisk-Howto http:
 http://linuxdoc.org/Howto/Bootdisk-Howto.html
* BootPrompt-Howto:
 http://linuxdoc.org/Howto/BootPrompt-Howto.html
* Filesystems-Howto:
 http://linuxdoc.org/Howto/Filesystems-Howto.html
* From-PowerUp-To-Bash-Prompt-Howto
 http://linuxdoc.org/Howto/From-PowerUp-To-Bash-Prompt-Howto.html

 Que tal um cartão de visitas bootável? A Linuxcare.com fornece
 gratuitamente, para grupos de usuários de Linux do mundo
 inteiro, um mini-CD em formato de cartão de visita, com função
 bastante semelhante à do tomsrtbt - dar boot em máquinas que não
 conseguem entrar no ar sozinhas, e consertá-las. O formato é
 muito prático, permitindo levar sempre no bolso a chave que abre
 as portas da maior parte dos seus problemas, desde que o micro
 afetado consiga dar boot via CD-ROM. A grande diferença em
 relação ao tomsrtbt é o volume. O Bootable Business Card da
 Linuxcare inclui cerca de 150 MB de software de diagnóstico e
 recuperação. Se você coordena um grupo de usuários de Linux,
 visite www.linuxcare.com/bootable_cd/ e se informe sobre a
 maneira de solicitar o seu!



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